Parece piada, mas não é: depois de décadas vacinando mais que mãe zelosa em campanha de multivacinação, Mato Grosso agora está oficialmente livre de febre aftosa sem precisar nem da agulha. O selo veio direto de Paris, com sotaque chique e tudo. É o Oscar da sanidade animal — e o agro levou a estatueta!
Reconhecimento global ou apenas mais um pretexto pra viagem internacional?
Durante a 92ª Assembleia da Organização Mundial de Saúde Animal (OMSA), realizada em Paris, Mato Grosso recebeu o tão sonhado selo de “zona livre de febre aftosa sem vacinação”. Sim, acredite: sem vacinação! Isso equivale, no mundo bovino, a tirar rodinhas da bicicleta — e ainda assim pedalar bonito. A comitiva do estado, liderada pelo vice-governador Otaviano Pivetta, comemorou como se tivesse vencido a Copa do Mundo… da carne.
Quarenta anos de saga: o agro também tem sua novela?
A certificação é resultado de um esforço conjunto que durou mais de quatro décadas, com direito a capítulos emocionantes, reviravoltas políticas e cenas fortes com seringas. Nos últimos cinco anos, o Governo de Mato Grosso investiu mais de R$ 100 milhões no Indea — o herói invisível dessa epopeia — com concursos, treinamentos, reformas e carros novos. Tudo para garantir que a última dose da vacina fosse mesmo a última.
Quem disse que festa boa não tem discurso longo?
De Paris, o secretário de Desenvolvimento Econômico, César Miranda, relatou emocionado o feito. Agradeceu aos técnicos, aos pecuaristas, aos reformadores de escritórios, aos mecânicos dos carros novos… e talvez até aos bois, pela paciência com tantas campanhas de vacinação. Para ele, o momento é “de muita alegria”. E, convenhamos, depois de gastar R$ 100 milhões, tinha que ser mesmo.
Viramos celebridade ou só aumentamos a régua da exportação?
Otaviano Pivetta celebrou o que chamou de “marco histórico para o agronegócio brasileiro”. Com 33 milhões de cabeças de gado, o maior rebanho bovino do país agora pode mirar nos mercados mais exigentes do planeta — aquele cliente premium, que além de carne quer saber se a vaca escovou os dentes. A Ásia já está de olho, e o Mato Grosso quer mais que selfie com o certificado: quer bilhões de dólares no bolso.
Alimentar o mundo: missão impossível ou só mais um dia no agro?
Segundo Pivetta, o Brasil está “preparado para alimentar o mundo”. Ambição pouca é bobagem. A certificação, segundo ele, é uma virada de chave para que o país exercite sua “vocação natural” de alimentar o planeta com qualidade. Só falta combinar com o restante do planeta, né? Porque aqui, carne a gente tem. Só precisamos manter a vigilância para que nenhuma aftosa resolva fazer comeback.
E o produtor rural? Ganhou tapinha nas costas ou protagonismo de verdade?
O presidente da Famato, Vilmondes Tomain, lembrou que os pecuaristas fizeram sua parte — e como bons alunos, entregaram a lição de casa em dia. Disse que agora é hora de manter o status e aproveitar as portas abertas lá fora. Se depender do entusiasmo do setor, a carne mato-grossense vai rodar mais que blogueira em Paris Fashion Week.
O passado condena? Ou fortalece?
O novo certificado da OMSA representa o ponto alto de uma história que começou nos anos 1970, quando a febre aftosa era praticamente personagem fixa no rebanho de Mato Grosso. De lá pra cá, muito se vacinou, muito se investiu, e até o status de “zona livre com vacinação”, obtido em 2001, já ficou no passado. Agora, é zona livre sem vacinação. Um privilégio que exige zelo. Afinal, status sanitário não se mantém só com festa e selfie em Paris.